Flores do Itália
Lembro nitidamente a primeira vez em que vi uma garrafa de Curaçau Blue e prestei atenção. Se essa resenha fosse um filme, eu seria uma menina maltrapilha do lado de fora da vitrine da deli salivando por um pão com lombo reluzente e uma cereja no topo. Nunca duvidei de que aquilo era amor.
Lembro nitidamente a primeira vez em que vi uma garrafa de Curaçau Blue na mão de Saulera. Se essa resenha fosse um filme, eu seria uma mulher de chapéu de aba larga, na beira de uma piscina, tocando Fausto Nilo. Era na cozinha, eu meio descrente, querendo insistentemente beber Dry Martini. Mas muito esperançosa de que aquela coisa, azul de Jezebel, fosse acabar bem.
A próxima cena sou eu escorada na janela, comendo aquele sorvetinho inofensivo. Sinto pouco o gosto da Tequila e, na brincadeira do "é bem docinha, mamãe", vão-se fácil três ou quatro. Desejo que você não tenha o que fazer no dia seguinte. Não sinto exatamente ressaca (Saulera só usa tequila profissional), mas uma falta de disposição para a praticidade e um certo peso nos braços, uma preguiça de viver.
A próxima cena, quando se separa o grupo dos felizes do grupo dos tristes, somos nós, os detentores das FM's, dançando Cardigans na varanda e cantando alto, e vocês, os bebedores das tão sem graça cervejas ou dos tão inofensivos sprites, no sofá refletindo sobre a validade da vida e a perenidade do amor.
Frozen Marguerita, FM para os íntimos, é minha fã, minha favorita, meu caso de amor.